Especialista em fogo na Amazônia e no Cerrado, Dra. Ane Alencar está entre as 14 mulheres cientistas premiadas pelo uso de aprendizagem de máquina para observação da Terra; prêmio reconhece contribuição da ciência e da tecnologia à sociedade.
Diretora de Ciência no IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e especialista em fogo nos biomas Amazônia e Cerrado, a Dra. Ane Alencar foi premiada, no Dia Internacional da Mulher, 8, pelo 2022 Leading Women in Machine Learning for Earth Observation – em português, Mulheres Líderes em Aprendizado de Máquina para Observação da Terra em 2022 -, organizado pela Fundação Radiant Earth. Esta é a primeira vez que a iniciativa nomeia uma pesquisadora latino-americana.
“Me sinto muito honrada em receber esse reconhecimento. Isso é fruto de um trabalho bem importante que temos conduzido ao longo dos anos, estudando o padrão dos incêndios florestais na Amazônia e mais recentemente na rede Mapbiomas”, comemora Alencar, que coordena as plataformas MapBiomas para o bioma Cerrado e o MapBiomas Fogo. Em rede com instituições, universidades e empresas de tecnologia do Brasil e do mundo, o MapBiomas é uma iniciativa pioneira que usa dados de satélite para revelar as principais mudanças de uso da terra no país.
Natural de Belém, no Pará, Ane Auxiliadora Costa Alencar é graduada em Geografia pela UFPA (Universidade Federal do Pará), tem mestrado em Sensoriamento Remoto e Sistema de Informação Geográfica pela Universidade de Boston e doutorado em Recursos Florestais e Conservação pela Universidade da Flórida, ambas nos Estados Unidos. Há mais de duas décadas, seu foco é entender os impactos das mudanças climáticas e da fragmentação florestal causadas pelo desmatamento e pela a ocorrência e aumento dos incêndios florestais na Amazônia brasileira e no Cerrado.
Destaque na premiação é o conceito de “Cicatrizes do Fogo”, criado por Alencar em 1996 ao definir áreas afetadas por incêndios florestais na Amazônia nas imagens de satélite impressas. “Sua descoberta inovadora e mapeamento do fogo na Amazônia”, cita a Radiant Earth, levaram à criação da plataforma MapBiomas Fogo, sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento com imagens de alta resolução para mapeamento anual das cicatrizes de fogo no Brasil a partir de 1985.
No IPAM, a diretora coordena iniciativas de desenvolvimento de sistemas de monitoramento de estoque e de perda de carbono florestal e de desmatamento a fim de subsidiar discussões a respeito de políticas públicas que fomentem a redução de emissões por desmatamento e por degradação florestal.
Além da brasileira, foram selecionadas pesquisadoras da Austrália, Estados Unidos, Nepal, Rússia, Taiwan e Quênia, cujas contribuições científicas têm impacto global no melhoramento do uso de aprendizado de máquina para observação do planeta e sensoriamento remoto. “Por essa razão, celebramos as mulheres na vanguarda do ML4EO [Machine Learning for Earth Observation]: aquelas que estão jogando luz em nossos padrões e nos ajudando a tomar decisões baseadas em dados”, ressalta a fundação organizadora do prêmio.