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TELEMEDICINA É SUCESSO À ESPERA DE REGULAMENTAÇÃO

Ferramenta facilitou o acesso e será fundamental para melhorar a gestão da saúde, dizem especialistas em webinar da Anahp

A telemedicina é um instrumento bem-sucedido e consolidado, na opinião dos especialistas que participaram do webinar “O papel da telemedicina na expansão do acesso à saúde”, promovido pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), na última quinta-feira (10). No evento, Camila Botti, gerente de Tecnologias e Informações Clínicas da Amil, revelou que a operadora realizou mais de 1,5 milhão de atendimentos remotos em 2021 e que, atualmente, 15% do total das consultas acontece on-line “com alto índice de satisfação dos clientes e dos médicos”. Diante dessas e outras evidências semelhantes, Caio Soares, presidente da Saúde Digital Brasil (SDB), está convencido de que não faz mais sentido discutir se o modelo veio ou não para ficar. “Assim como não discutimos se o smartphone veio para ficar”.

Apesar disso, a telemedicina continua funcionando em caráter provisório no Brasil, associada à pandemia. “Corremos o risco de não ter uma regulamentação permanente quando a emergência passar”, alertou o presidente da SDB. A deputada federal Soraya Manato, que também é médica, afirmou estar empenhada na aprovação do Projeto de Lei que vai regulamentar o modelo. “A telemedicina é urgente e precisamos garantir a segurança jurídica e tecnológica para a atividade, para os pacientes e médicos”, explicou.



Marcelo Chaves Aragão, auditor federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União — Secretário de Controle Externo da Saúde, reforçou a importância da regulamentação sob o risco de “uma grande judicialização que pode impactar todo o sistema”. Além disso, acrescentou que regras claras são fundamentais para a adoção do modelo em larga escala no serviço público, que exige parâmetros e protocolos definidos para viabilizar concorrências e contratos.

De acordo com a deputada, no momento a tramitação está focada em esclarecer detalhes práticos, como o formato da primeira consulta, remuneração dos profissionais e alcance geográfico, pautas promovidas pelas entidades médicas. “Estamos trabalhando para que a telemedicina seja uma realidade à luz da lei”, afirmou.

Médicos e pacientes

Os médicos que adotaram o modelo estão satisfeitos, de acordo com a gerente de Tecnologias e Informações Clínicas da Amil, e mais de 2 mil credenciados já se ofereceram para prestar o serviço dentro da operadora. Botti explicou que a empresa destacou os médicos de família e generalistas para o pronto atendimento, “pela abordagem mais ampla, com atenção para a prevenção e os fatores de risco”, e selecionou os profissionais com melhor performance para as consultas eletivas. A Amil já oferece atendimento remoto para 50 especialidades.

Carlos Pedrotti, gerente Médico do Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, lembrou que os médicos são naturalmente preparados para examinar e tomar decisões sobre o tratamento, mesmo que seja por meio de uma tela. Por isso, a adaptação foi rápida. “Isso faz parte do dia a dia dele, que tem a sensibilidade de compreender rapidamente quando é o caso de indicar uma intervenção presencial”, explicou.

Do lado dos pacientes, a aprovação e a aderência foram imediatas. “Tanto que hoje monitoramos o risco de a telemedicina ser utilizada desnecessariamente por causa da comodidade”, revelou Botti, da Amil. Pedrotti garantiu que “a satisfação das pessoas é imensa. Estão muito felizes por poderem falar com um médico sem enfrentar fila ou pegar transporte público”.

Ainda assim, o médico do Einstein destacou que é fundamental melhorar a experiência do usuário, com plataformas mais acessíveis e recursos que tornem todo o processo mais simples e resolutivo.

Antônio Marttos, cirurgião da Universidade de Miami, sugeriu que é preciso consolidar a cultura de telemedicina. “A população e os médicos devem se sentir completamente seguros, entender que telemedicina não é Big Brother, que é feita por profissionais com práticas, ferramentas e tecnologia adequadas. E que não vai tirar o emprego de ninguém”.

Gestão

A redução de custos com a telemedicina é indiscutível. “89% dos pacientes que afirmaram ter optado por uma teleconsulta antes de ir ao pronto-socorro realmente não utilizaram uma unidade física nos dias seguintes”, contou a gerente de Tecnologias e Informações Clínicas da Amil. De acordo com Marttos, cada paciente que a telemedicina afasta do pronto-socorro significa uma economia de US$ 15 mil. Mas a “jornada digital do paciente”, como classificou Pedrotti, vai além disso.

A jornada digital ainda vai permitir acompanhamento mais eficiente do paciente e da evolução dos tratamentos, principalmente nos casos crônicos. “Com o 5G vamos monitorar e georreferenciar, por exemplo”, disse Caio Soares, presidente da SDB. “A digitalização da prática médica torna a medicina mais resolutiva e segura”, resumiu Pedrotti.

O executivo destacou, ainda, que o primeiro atendimento por telemedicina combate um gargalo enorme do sistema. “Esse contato traz informações antecipadas. Assim temos mais tempo e direcionamento para tomar decisões”, explicou. Marttos também chamou a atenção para a capacidade do modelo “produzir dados para a construção de políticas públicas”.

Felipe Cabral, coordenador do GT de Inovação e Saúde Digital da Anahp e gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento, acrescentou que essa jornada pode começar “antes do paciente ser paciente”, com a verificação permanente de indicadores, como peso e pressão, por meio da tecnologia. “Minha Alexa sabia que eu engordei 10 quilos na pandemia e poderia ter me avisado”, exemplificou.

E Pedrotti antecipou um futuro com equipamentos avançados de telepropedêutica, como câmeras de filtro infravermelho, inteligência artificial, dispositivos que auxiliam a ausculta a distância, entre outros, para aprimorar o atendimento. “Também espero a disseminação da infraestrutura, com internet mais rápida, por exemplo”. Para isso, acrescentou, “é fundamental uma regulamentação para estimular investimentos”.

Impacto social

Além da saúde, a telemedicina tem uma “repercussão social”, segundo Pedrotti. Ele aponta ganhos em economia de tempo, qualidade de vida, produtividade e impactos para o meio ambiente. E Aragão, do TCU, garantiu que o tribunal considera a ferramenta totalmente alinhada com as diretrizes do órgão de “promover a equidade e levar políticas pública para regiões menos favorecidas”.

Cabral, do Moinhos de Vento, fechou o encontro lembrando a necessidade de colaboração entre todos os agentes. Instituições, médicos e profissionais de áreas técnicas juntos para acelerar ainda mais o desenvolvimento da telemedicina e permitir “a cada dia mais acesso aos nossos pacientes”.

Com informações da Assessoria de Imprensa LLYC

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