A visão urbanística das últimas décadas transformou não só a maneira dos catalães de Barcelona usarem a cidade, mas a integração do planejamento urbano com as necessidades empresariais e educacionais fez de Barcelona essa cidade que vemos hoje.
Estar em Barcelona é sempre uma experiência construtiva. Uma cidade charmosa, organizada, que coloca lado a lado construções históricas profundamente influenciadas pelo estilo gótico de Gaudí com modernos edifícios que abrigam um pujante centro empresarial.
Cidade com 1,6 milhão de habitantes que protagonizou nos últimos 30 anos uma transformação urbanística, cultural e empresarial ao recuperar áreas transformando-as em potenciais turísticos, como a revitalização do Porto nos anos 80; social, como a destinação das moradias dos atletas das olimpíadas de 1992 para habitação social; e econômica, como a transformação da área degradada do bairro industrial Poblenou no potente distrito 22@.
O 22@ hoje é sede das maiores empresas de tecnologia do mundo. Sozinho, é responsável por 90.000 empregos, além de atrair jovens universitários a viverem profundamente essa região da cidade.
Mas andar por Barcelona também nos faz perceber a força da integração, como os modais de mobilidade – metrôs, trens, ônibus; dividem espaço com carros, motos, bicicletas e patinetes. Para quem não está acostumado, pode parecer caótico tantos patinetes e bicicletas transitando em alta velocidade por ruas largas e preparadas, sinalização própria para estes modais, que percorrem boa parte da cidade.
Também nos faz ver uma cidade extremamente acessível para idosos e cadeirantes com calçadas bem conservadas, “passagem de nível”, esquinas com rampas, pavimento tátil.
A visão urbanística das últimas décadas transformou não só a maneira dos catalães de Barcelona usarem a cidade, mas a integração do planejamento urbano com as necessidades empresariais e educacionais fez de Barcelona essa cidade que vemos hoje.
Claro que há conflito social, claro que existem áreas degradadas como em qualquer cidade, existe criminalidade, existe ineficiência de alguns setores, até porque a Grande Barcelona chega a 5,6 milhões de habitantes. Mas o que vemos é uma cidade buscando soluções na inovação para problemas complexos como a questão ambiental como a usina de reciclagem, o programa de eletrificação da frota, a nova modelagem do Porto, entre outros.
Claro que é possível perceber os impactos da pandemia, não apenas pelo uso de máscaras e restrições sanitárias (cada vez menores), mas no comércio um tanto menos vibrante que em outros natais. Vitrines menos festivas e glamurosas.
Estive em Barcelona em novembro por quatro dias para o SmartCity Expo World Congress, o maior evento de cidades inteligentes do mundo, as gigantes da tecnologia para Smart City estiveram presentes dando uma visão do futuro das cidades.
Em março de 2022, Curitiba será novamente a sede brasileira desse evento, pela terceira vez. Teremos a oportunidade de ver esses projetos de perto, além de conhecer as startups da Smart Plaza Vale do Pinhão, que a Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação montará no espaço central da Smart Expo, onde também apresentará as soluções de Cidade Inteligente de Curitiba.
E vem muita coisa pela frente, mas o que nunca pode mudar é a visão de que uma cidade precisa investir em ações que tornem cada vez melhor a vida das pessoas que vivem, passeiam e trabalham nelas.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Consultora de Inovação e Transformação Digital; Palestrante. Conselheira. Investidora Anjo; Diretora de programas da Funpar – UFPR. Mãe do Victor e da Marina. Maratonista. Ex-Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação e do Conselho Municipal de Inovação. Co-fundou e presidiu o Fórum InovaCidades ligado à Frente Nacional de Prefeitos. Atua no Conselho de Mulheres na Tecnologia.