Neste contexto, a mobilidade elétrica pode exercer um papel relevante para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos para 2030.
A descarbonização da economia global é uma das principais agendas da 26ª Conferência sobre Mudança Climática (COP-26) das Organizações das Nações Unidas, que ocorre em Glasgow, na Escócia. Os países, com representantes das esferas públicas e privadas, buscam reduzir urgentemente a emissão de gases poluentes, considerando os impactos atuais e futuros do aquecimento global no planeta. Neste contexto, a mobilidade elétrica pode exercer um papel relevante para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos para 2030.
O transporte em geral – público e privado — responde por um quarto da emissão de gás carbônico globalmente. Esse índice pode ser reduzido significativamente com o estímulo crescente ao uso do transporte público e a adoção de veículos com tecnologia limpa.
A eletrificação do transporte público é uma tendência mundial. Estima-se que o mercado global de ônibus elétricos mobilize US$ 53 bilhões até 2027, graças a esforços locais e internacionais para impulsionar a adoção da mobilidade sustentável, segundo o estudo Electric Bus Electric Bus Market Size By Type, publicado pelo Global Market Insights este ano.
A Agência Internacional de Energia, por sua vez, calcula que a frota global de veículos elétricos pode expandir de mais de 11 milhões, em 2020, para 145 milhões de unidades até 2030. Os ônibus poderão responder por uma parte significativa, uma vez que o aumento da conscientização sobre os benefícios ambientais da mobilidade elétrica e as iniciativas governamentais para enfrentar as mudanças climáticas devem acelerar a eletrificação dos sistemas de transporte público, na concepção da agência.
As vantagens tecnológicas também contribuem para este quadro. A adoção de ônibus elétricos, no longo prazo, favorece a redução dos custos das operadoras de transporte, principalmente com relação ao combustível (na comparação com o diesel) e à manutenção. É possível equipá-los com baterias suficientes sem ocupar muito espaço ou tornar o veículo pesado.
Vale lembrar, ainda, que os provedores de energia estão dispostos a investir na mobilidade elétrica, uma vez que podem aproveitar a capacidade ociosa das suas linhas para o carregamento dos ônibus durante a madrugada, por exemplo. Essas companhias se interessam, inclusive, a investir nos materiais rodantes tanto no Brasil quanto no exterior.
Naturalmente, há vários desafios a serem vencidos. A produção destes veículos precisa ganhar escala para reduzir custos e a infraestrutura de eletrificação do transporte público necessita ampliar fortemente. Hoje, a frota brasileira de ônibus elétricos não chega a 400 unidades.
No entanto, tanto a agenda ambiental quanto a de desenvolvimento urbano exigem avanços urgentes. A Carta Brasileira Cidades Inteligentes ressalta que este conceito se aplica a municípios que “antecipam, monitoram e avaliam os impactos ambientais das inovações tecnológicas para equilibrar a relação entre meio ambiente, tecnologia e sociedade”. Portanto, a mobilidade elétrica é decisiva para um futuro sustentável.
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Diretor de Estratégia e Transformação Digital da Marcopolo: Profissional com experiência internacional na indústria automotiva, João Paulo Pohl Ledur atualmente é diretor de Estratégia e Transformação Digital da Marcopolo, onde responde também pelas áreas de Corporate Venture Capital e Inovação da companhia. Atuando na gestão da estratégia de inovação e seus desdobramentos na cultura organizacional, fazendo conexão do atual negócio com o futuro da mobilidade. Há 18 anos na empresa, parte deles atuando na África do Sul, o executivo tem formação pela Universidade do Vale dos Sinos – Unisinos e Fundação Getúlio Vargas – FGV.