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IMPLEMENTANDO PROJETOS DE BAIRROS SUSTENTÁVEIS

Ilan Cuperstein
Ilan Cuperstein
Vice-diretor regional da C40 para a América Latina. Profissional com mais de 10 anos de experiência internacional em mudanças climáticas, energia e políticas urbanas, no Brasil, China e América Latina. Bacharel em Relações Internacionais pela PUC-RJ e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela London School of Economics.

Projetos na escala de bairros podem servir de laboratório para abordagens inovadoras, em design, construção, no uso de tecnologia e na participação e engajamento de cidadãos e de comunidades

Hoje se sabe, que à medida que a população urbana aumenta, a construção de comunidades compactas, conectadas e resilientes é a nossa maior chance de limitar as emissões de gases de efeito estufa e de preservar recursos globais e a biodiversidade local.

Projetos na escala de bairros podem servir de laboratório para abordagens inovadoras, em design, construção, no uso de tecnologia e na participação e engajamento de cidadãos e de comunidades.



Abordagens integradas à projetos na escala de bairros ou distritos é fundamental para abordar a crise climática ao mesmo tempo em que oferece projetos pautados nas demandas reais de comunidades e territórios, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Em um relatório recente sobre planejamento nesta escala mais detalhada, a C40 oferece dez abordagens que podem ser agrupadas em três categorias:

Cidades de 15 minutos: o conceito criado pelo urbanista Carlos Moreno prevê mobilidade ativa e sustentável, territórios conectados, serviços públicos descentralizados e acesso a equipamento de lazer a não mais que 15 minutos a pé ou de bicicleta de todas as residências de um determinado bairro. Este conceito tem sido adotado pela prefeita de Paris Anne Hidalgo e adaptado por outros prefeitos ao redor do mundo, levando por exemplo ao conceito de cidade de 30 minutos para megacidades, conforme o plano de Bogotá. As super quadras de Barcelona são um exemplo da cidade de 15 minutos antes mesmo do conceito existir, utilizando mobiliário urbano temporário, plantio de árvores e urbanismo tático para dar prioridade a pedestres e ciclistas. A primeira superquadra obteve uma redução de 48% da área ocupada por carros, enquanto que a atividade econômica das ruas afetadas aumentou. O projeto de recuperação da área central do Rio de Janeiro – Reviver Centro – recentemente proposto pela Secretaria de Planejamento Urbano e aprovado pela Câmara Municipal, prevê a aproveitação de construções existentes para uso misto, criação de novas áreas verdes e estímulo à mobilidade urbana limpa.

Construção limpa e verde – construção limpa, edifícios verdes, energia renovável e recursos circulares são temas importantes para criar bairros sustentáveis. O projeto do bairro de Montreuil, em Paris, por exemplo visa reduzir 85% das emissões operacionais e embutidas ao criar a exigência de que todos os edifícios sejam adaptáveis ou reversíveis. Em Milão, L’Innesto será o primeiro projeto de habitação social zero carbono na Itália com um sistema de aquecimento à base da recuperação do calor do tratamento de água e critérios de construção sustentável.

Pilotos locais – projetos em bairros ou distritos oferecem a possibilidade de oferecer soluções específicas para desafios locais com potencial de escala em outras áreas da cidade. Os Corredores Verdes de Medellín por exemplo são uma rede de espaços verdes interconectados que diminuir o impacto do calor urbano e facilitou a capacitação de 75 cidadãos em situação vulnerável para se tornarem jardineiros urbanos. Em Helsinki, o distrito de Kalasatama é uma área moderna de desenvolvimento urbano inteligente e zero carbono. Ao invés de licitar bens e serviços, a prefeitura incentivou projetos pilotos, permitindo que novos negócios florescessem com ideias dos residentes locais, colocando o princípio da co-creação no centro da estratégia.

Para poder capturar os impactos de projetos locais integrados, é necessário também criar indicadores e metodologias de monitoramento antes da implementação dos projetos. Isto pode oferecer desafios significativos à medida que vários dados sobre emissões de gases de efeito estufa não são territorializados. Isto representa um desafio para o monitoramento destes projetos, mas dados locais como a porcentagem de habitação a preços acessíveis, cobertura verde, resíduos oriundos de demolição, tamanho do sistema cicloviário – entre outros – em uma determinada área são capazes de demonstrar o impacto social e ambiental exato de tais intervenções.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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