O potencial para converter usuários de automóveis existe, especialmente se as soluções forem responsivas, eficientes, seguras, ecologicamente corretas e agnósticas. A solução de mobilidade integrada deve ser modular e, naturalmente, adaptada para atender às distintas necessidades, podendo expandir-se no ritmo que o operador desejar
As agências de transporte público enfrentam uma crise sem precedentes: o número de passageiros caiu, os orçamentos diminuíram e as melhorias foram suspensas quando a mobilidade parou. Apesar dos desafios, essa desaceleração pode ser uma oportunidade de rever eficiência de rota, cobertura, equidade e outros fatores importantes. Sendo que soluções de micro trânsito integradas por demanda precisam entrar na agenda.
Há evidências de que o momento é agora. Por um lado, a ampla utilização de smartphones, a distante possibilidade da posse de um carro e novas dinâmicas de horário de trabalho flexível. Por outro, altos custos de transporte, baixa qualidade e falta de serviço em áreas suburbanas forçam os municípios a buscarem suas soluções.
Serviços de ônibus públicos, ônibus escolares e de transporte para pessoas com necessidades especiais têm o maior potencial de conversão para on-demand, incluindo o potencial de substituição de linhas fixas e captação de clientes que estão fora do sistema de transporte público. Sobre este último ponto, o Brasil já tem um grande exemplo. Em Goiânia, a primeira cidade a lançar um serviço público de ônibus sob demanda na América Latina, 85% dos clientes do CityBus 2.0 vieram do transporte individual.
O transporte público implora por inovações
O potencial para converter usuários de automóveis existe, especialmente se as soluções forem responsivas, eficientes, seguras, ecologicamente corretas e agnósticas. A solução de mobilidade integrada deve ser modular e, naturalmente, adaptada para atender às distintas necessidades, podendo expandir-se no ritmo que o operador desejar.
A mobilidade responsiva por demanda pode ser aplicada a fim de consolidar as operações existentes (ou seja, uma cidade mantém um serviço especial para o cidadão com mobilidade reduzida e um serviço de micro trânsito e deseja fazer a transição para uma única plataforma tecnológica para visibilidade combinada e sobrecarga reduzida) ou lançar novos modos (ou seja, uma cidade deseja iniciar um novo serviço que seja capaz de se integrar com as rotas fixas existentes). Embora os objetivos possam ser ligeiramente distintos, a solução tecnológica é a mesma.
É sempre fácil encontrar um motivo para não adicionar tecnologia à infraestrutura existente, mas quando se trata de transporte público do século 21, o status quo simplesmente não está funcionando. Embora o transporte tradicional de rota fixa desempenhe um papel essencial, muitos cidadãos não moram ou trabalham próximos do terminal de ônibus ou trem. Como resultado, aqueles que não podem ter carro – especialmente indivíduos em áreas remotas – enfrentam imensa dificuldade de acesso à saúde, empregos, recursos comunitários e conexões sociais.
As redes integradas que incluem micro-trânsito têm uma chance muito maior de atrair pessoas que geralmente optam por veículos individuais, levando-as também para ônibus e trens. Esses indivíduos podem se sentir atraídos pelas semelhanças funcionais com os serviços privados de transporte com os quais já estão habituados. E quando o aplicativo que usam para reservar sua viagem de micro trânsito também exibe uma opção de rota fixa disponível, esses passageiros que antes eram avessos ao serviço de ônibus são automaticamente expostos e portanto, mais propensos a testar as formas mais tradicionais de transporte público.
Em redes sob demanda implementadas de forma inteligente, as comunidades podem obter amplos benefícios que compensem o investimento em muitas vezes. Os líderes responsáveis pelo transporte público devem se perguntar: qual é o verdadeiro custo de não fornecer transporte suficiente e adequado em minha comunidade?
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Country Manager Latam & Portugal da Via, onde lidera as parcerias de mobilidade sob demanda. Mais de 25 anos de experiência profissional em cargos de liderança em consultorias e tecnologia (Accenture, Deloitte e Novabase) e Mobilidade (Localiza e Hertz), com MBA pela University of Texas e mestrado em Filosofia pela UNICAMP.