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POR QUE A INTEGRAÇÃO DE DADOS AINDA É UM DESAFIO PARA A GOVERNANÇA DIGITAL NAS CIDADES?

Larissa Tavares
Larissa Tavares
É formada em Relações Internacionais na Belas Artes, possui MBA pelo Insper e atua há mais de 10 anos em projetos de inovação. Desde 2020 desenvolve projetos de digitalização nas cidades e participa de webinars e eventos envolvendo tecnologia e gestão sem papel. Atualmente, é Diretora de Marketing e Novos Negócios da Sonner, uma empresa que há 25 anos desenvolve soluções tecnológicas para governos. 

É possível perceber que uma dor frequente dos gestores é a falta de visibilidade de dados, que devido a não serem cruzados entre as diversas áreas da administração pública não proporcionam uma fotografia completa da situação do município

Embora haja uma crescente envolvendo o surgimento de GovTechs, startups de base tecnológica que visam o desenvolvimento de soluções para o governo, gestores públicos de diversas cidades ainda enfrentam desafios para integrar as soluções a fim de obter resultados assertivos no tratamento das informações necessárias para a tomada de decisão. 

Enquanto cidades maiores, com população superior a 500 mil habitantes, normalmente possuem setores mais estruturados de informática e desenvolvem alguns sistemas internamente, a contratação de soluções modulares de TI é comum para muitas cidades e têm gerado problemas com relação à integração dos dados. 



Os motivos que implicam neste desafio são abrangentes e englobam desde o tipo de tecnologia utilizado nos sistemas legados e a conversão de dados realizados ao longo dos anos, até aspectos contratuais e políticos, como prazos de renovação e a contratação de soluções por unidades de forma descentralizada. 

O uso de APIs (Application Programming Interface) e plataformas de integração, bem como a disponibilização de soluções de TI como um serviço (SaaS), já são tendências no mercado privado há algum tempo e começam a ser incorporados gradualmente na esfera pública. Tecnicamente, apesar de as APIs representarem facilidades na conexão entre as aplicações e serem a solução viável para a integração entre diferentes soluções, o mercado de ERPs governamentais desenvolvidos por fornecedores terceiros ainda é regional e contempla certas complexidades quanto ao acesso à estrutura dos bancos de dados e à qualidade das informações disponíveis, aspectos fundamentais para o sucesso do resultado de integração entre as aplicações.

Outro fator que pode representar entraves para a integração é o processo de compra das soluções, uma vez que as secretarias utilizam soluções independentes, com prazos contratuais e tecnologias distintas entre si. Visando a otimização dos recursos públicos, o gestor se depara com decisões complexas na escolha das melhores soluções para cada setor. Se por um lado temos uma variedade de EdTechs e HealthTechs, cujas funcionalidades são robustas e específicas, adentrando os governos, como integrar estes dados com os sistemas da gestão administrativa? E quanto aos aspectos regulatórios, como garantir a confiabilidade e segurança na troca de informações entre as aplicações?

No âmbito da governança digital, é possível perceber que uma dor frequente dos gestores é a falta de visibilidade de dados, que devido a não serem cruzados entre as diversas áreas da administração pública não proporcionam uma fotografia completa da situação do município. O gestor deseja saber quem é o cidadão da sua cidade, que além de contribuinte acessa os serviços públicos municipais, podendo ser paciente da rede pública de saúde ou pai de um aluno na escola municipal. Esse extrato do cidadão possui grande valor para os gestores públicos municipais constituindo uma ferramenta importante no desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes.

A articulação de um projeto que englobe a integração como pilar para a extração das informações estratégicas constitui um arranjo complexo e sensível, porém essencial para o êxito do Governo Digital. Haja visto que o governo federal tem investido intensamente nesta agenda, e, considerando as mudanças envolvendo a legislação, inclusive com a Lei do Governo Digital sancionada recentemente, as cidades passam a ter mais segurança e condições para a adoção de processos digitais e mais abertura na aquisição das soluções.

Apesar de os avanços tecnológicos contribuírem para o desenvolvimento desta pauta, a esfera pública, especialmente as cidades com menos recursos, iniciam morosamente seu progresso rumo a uma gestão informatizada e integrada. A evolução do mercado tecnológico, bem como a aceleração da digitalização nos municípios, motivada em partes pela pandemia, abriram novas oportunidades no que se refere à atualização de sistemas, processos e modernizações dos órgãos públicos. Ainda que a escolha de soluções seja um processo dificultoso e cheio de detalhes, o gestor público deve considerar que a integração de dados é fundamental para uma gestão eficiente e para as cidades inteligentes, conectadas e sustentáveis. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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