A evolução da tecnologia e a nova mentalidade inovadora já permitem transformações importantes para o setor, no qual haverá mais espaço para as cidades que souberem oferecer a seus visitantes experiências atrativas, inéditas e acessíveis
O setor de turismo foi um dos mais afetados pela pandemia do coronavírus. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o impacto é tão grande que a recuperação pode levar de cinco a sete anos. É um impacto profundo na vida dos mais de 7 milhões de brasileiros empregados pelo setor em 2019 e de todo um mercado que representava 8% do PIB do país.
As pessoas também mudaram. Mesmo com a vacinação avançando, ainda estamos lutando contra o vírus. Restritos pela necessidade de distanciamento e de um mundo “low touch”, turistas escolhem destinos domésticos, em viagens, preferencialmente, de curtas distâncias e com carro próprio. Aos poucos o mundo vai ficando de novo acessível, mas as experiências de viver o entorno abrem uma oportunidade por muitas vezes ignorada pelas cidades. É o turismo local, a experiência de viver a sua região e do cidadão descobrindo lugares perto de casa, agora muito mais percebidos.
O novo cenário abre espaço também para a transformação do turismo de experiência, e o uso de tecnologia se torna obrigatório para um setor que não vinha se reinventando tanto.
A evolução da tecnologia e a nova mentalidade inovadora já permitem transformações importantes para o setor, no qual haverá mais espaço para as cidades que souberem oferecer a seus visitantes experiências atrativas, inéditas e acessíveis.
É aqui que entra o conceito de Destino Turístico Inteligente (DTI). Os DTIs são estruturas turísticas diferenciadas, que facilitam a interação e a integração do visitante, antes, durante e depois da viagem. E incrementam a qualidade de sua experiência com o destino por meio do uso de metodologias e tecnologias inovadoras.
Como na Cidade Inteligente, a tecnologia é ferramenta para alcançar os objetivos, mas seu uso é um diferencial para a experiência. Realidade Virtual e Aumentada, Robótica, Inteligência Artificial, IoT, Big Data, Tecnologias de Reconhecimento podem ser aplicadas para gerar conhecimento, engajamento e valor para o destino.
O Ministério do Turismo iniciou um programa de DTI, com investimento e apoio para que nossas cidades turísticas possibilitem experiências inovadoras. O primeiro grupo de destinos no programa tem Curitiba, Recife, Salvador, Palmas, Florianópolis, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Brasília, Palmas e Campo Grande.
Curitiba foi a primeira a receber a visita do instituto argentino Ciudades Del Futuro (ICF), consultoria contratada pelo Ministério para o programa. O ICF aplica a metodologia da Sociedade Mercantil Estatal para a Gestão da Inovação e as Tecnologias Turísticas (Segittur), da Espanha, pioneira no segmento.
A chancela de Destinos Turísticos Inteligentes vai contribuir para diferenciar cada destino de outros competidores, favorecendo a melhoria do posicionamento na esfera turística nacional e internacional. Mas, além da atuação de seus órgãos de turismos, as cidades que quiserem modificar seu turismo precisarão fazer isso em sintonia com outras instituições locais, universidades, hubs de inovação e demais integrantes dos chamados ecossistemas de inovação. E se a sua cidade não tem um ecossistema de inovação desenvolvido, já ficou para trás na corrida de destinos inteligentes. O grupo DTI de Curitiba, por exemplo, trabalha no programa usando Design Thinking, metodologia ágil que desenvolve soluções de forma colaborativa.
O objetivo final é conectar a todo momento os lugares, as pessoas, produtos e serviços e criar redes e ecossistemas que apoiem tanto o turista quanto o setor. Essa é uma oportunidade para o futuro do turismo, para a retomada da economia e para o novo consumidor que surgiu na pandemia.
A criação do DTI tem como base a estruturação e a convergência de pilares como Governança, Experiência, Acessibilidade, Segurança, Inovação, Promoção e Marketing, Mobilidade e Transporte, Tecnologia, Criatividade e Sustentabilidade. Parece bastante coisa, e é. E o tempo é curto, pois a retomada do turismo está logo ali.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Consultora de Inovação e Transformação Digital; Palestrante. Conselheira. Investidora Anjo; Diretora de programas da Funpar – UFPR. Mãe do Victor e da Marina. Maratonista. Ex-Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação e do Conselho Municipal de Inovação. Co-fundou e presidiu o Fórum InovaCidades ligado à Frente Nacional de Prefeitos. Atua no Conselho de Mulheres na Tecnologia.