Incentivo ao desenvolvimento das startups é apontado como fundamental para elevar a taxa de inovação de 33,6% para 50% até 2024
Entre os planos e conceitos apresentados na recém-lançada Estratégia Nacional de Inovação, chama a atenção a agressividade da meta de crescimento estabelecida para os próximos anos. A iniciativa almeja elevar a taxa de inovação das empresas brasileiras ao patamar de 50% até 2024.
O índice é medido pela Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC), que teve sua última edição realizada pelo IBGE em 2017. Na ocasião, o estudo registrou que apenas 33,6% das empresas brasileiras com dez ou mais trabalhadores haviam feito algum tipo de inovação em produtos ou processos. Para bater a meta, será necessário um crescimento de 5.6 pontos percentuais por ano a partir de 2022.
Para Romulo Perini, sócio da consultoria de inovação e Venture Builder, Play Studio, apesar de aparentemente ousada, considerando que a Pintec de 2017 revelou uma queda de 2,4 pontos percentuais em relação à edição anterior, a meta é coerente com a necessidade de acelerar a produção de inovação para que o país consiga competir em igualdade de condições com os mercados mais desenvolvidos do mundo.
“A fixação de um marco a ser alcançado tem o mérito de expor a distância a que nos encontramos do objetivo e, ao mesmo tempo, criar um sentido de urgência na tomada de decisões”, diz.
E essas tomadas de decisão passam também pelo dia a dia das empresas, afirma. “Definir estratégias claras de inovação e desenvolver uma mentalidade empreendedora dentro das organizações são pontos fundamentais para fomentarmos um ecossistema mais inovador”, sugere. “Além disso, a implementação estruturada de iniciativas de inovação precisa estar na pauta de empresas que quiserem se manter relevantes nesse contexto. Seja através de processos internos, seja utilizando modelos como o Venture Building, em que uma parceira conduz esse processo para a companhia”, explica.
Perini ressalta ainda que o fato de a Estratégia Nacional fixar parâmetros para impulsionar a colaboração das startups em um sistema de inovação aberta colabora com a meta de crescimento.
De acordo com o Apêndice Teórico da Estratégia Nacional de Inovação, documento elaborado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, algumas ações neste sentido são:
· Estimular o investimento em startups por meio do aumento da segurança jurídica na relação com investidores.
· Estimular os ambientes inovadores nas Instituições Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs) a ampliarem a interação das startups a eles ligadas com o mercado e com o setor produtivo em geral.
· Apoiar a inovação em processos nas empresas, com a adoção de práticas gerenciais, tecnologias e novos conhecimentos para aumento da produtividade e da competitividade.
· Facilitar o acesso, principalmente de pequenas e médias empresas, a fontes de financiamento e subvenção à inovação.
· Estimular iniciativas de inovação aberta, inclusive por meio da interação entre os atores do ecossistema de inovação e da adoção de parcerias público-privadas.
· Fomentar o surgimento e o escalonamento de startups de alta densidade tecnológica (deeptechs).
O sócio da Play Studio comenta que a Estratégia Nacional de Inovação oferece a oportunidade de criar um movimento aglutinador de forças que seja capaz de identificar as melhores formas de utilizar ferramentas como Venture Building, Venture Capital e as mais diversas formas de financiamento público e privado com o objetivo de levar o país a uma condição de protagonismo na área da inovação.
“O empreendedor brasileiro tem no DNA as características de criatividade e resiliência necessárias para isso. O que falta é uma ação coordenada para aproveitar esta energia. Esperamos que a Estratégia Nacional represente o início desta coordenação”, conclui.