Movidos pelo conceito de Cidades Inteligentes, governantes têm buscado alternativas para a construção de um ambiente capaz de fornecer um desenvolvimento sustentável
Há muito tempo ouvimos dizer que a energia é a força que move o mundo. Sem dúvida esta afirmação se baseia em dados que mostram que o setor elétrico de um país, é um dos aspectos mais importantes para determinar sua evolução tecnológica e a qualidade de vida de seus habitantes. Mas, não basta apenas olhar para seus aspectos positivos, quando o custo para geração de energia recai sobre o meio ambiente. A crise-hídrica no Brasil nos faz relembrar todas as mudanças extremas na natureza e em seus ecossistemas.
Para se ter uma ideia, 80% do total de energia consumida mundialmente está nas 20 maiores economias do planeta. O Brasil ocupa o 7º lugar no ranking. O que pede urgência na redefinição do que “move” o mundo.
Movidos pelo conceito de Cidades Inteligentes, governantes têm buscado alternativas para a construção de um ambiente capaz de fornecer um desenvolvimento sustentável. Para isso, diversos investimentos em tecnologia estão sendo feitos, principalmente quando o assunto é redução do consumo desmedido de água. É necessário que se avalie e invista em melhoria da coleta e na destinação adequada dos resíduos sólidos, a fim de evitar a poluição da rede hídrica e otimizar o consumo de energia elétrica produzida pelas usinas hidrelétricas.
Ao digitalizar o sistema de água, é possível explorar de forma otimizada todo o potencial dos sistemas, possibilitando um consumo mais racional e sustentável da água. Existe principalmente um sistema chamado Smartwater baseado, entre outras tecnologias, em aplicações de IoT (Internet das Coisas). O sistema permite a leitura remota do consumo hídrico e a medição do fluxo da água, além de sua qualidade. A integração entre o sistema de água e as tecnologias gera benefícios na operação e manutenção da rede, desde a usina de tratamento até o cliente final. Pois vazamentos ou poluentes são mais rapidamente detectados. As medições – realizadas através de sensores conectados à Internet – enviam as informações diretamente nas plataformas de gestão de dados da central da operadora do serviço. Tendo detecção rápida de um problema, a solução é mais facilmente definida e adaptada pelo operador.
Alternativas de geração de energia limpa, solar ou eólica também ganham força pelo mundo. Segundo estudo encomendado pelo Departamento de Serviços Elétricos e Mecânicos, em 2000, a energia solar, a eólica e a gerada a partir de resíduos, têm um potencial de uso extremamente amplo na cidade. Hoje, há diversos projetos que buscam desenvolver o uso de energia renovável e comprovar a sua eficiência. O sistema chamado smart grid já permite, em vários países da Europa, que os particulares gerem energia por meio de sistemas eólicos ou solares e possam vender o excedente às concessionárias, tornando a cidade autossustentável.
Em Belo Horizonte (MG), a cidade já monitora mais de 12 000 unidades consumidoras com um sistema que faz a medição e o faturamento da energia de forma digitalizada. Tal recurso favorece a redução nas perdas não técnicas, diminuindo os custos operacionais de leitura de medidores e prevenção de roubos de energia.
Ao construir novos edifícios, ou adaptando os existentes, pode-se instalar tecnologias que regularizem o consumo de água e energia: sensores de temperatura que automatizam os sistemas de ar-condicionado e calefação, sensores de presença para acender as luzes de um espaço interno e descarga de água no banheiro com dois botões, entre tantas outras já disponíveis.
Futuro sustentável
Projetos reais, são exemplos do uso de novas tecnologias visando otimizar o sistema de distribuição de água, energia e recursos naturais, fundamentais para resolver a questão sustentável no mundo. Tudo isso deve ser colocado em prática o quanto antes para que, ao menos, as próximas gerações consigam colher fruto do que plantamos, em nome de um futuro mais sustentável.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Gerente de Smart Cities na green4T. Graduada em estratégias territoriais e urbanas pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, a executiva possui experiência organizacional na gestão de projetos de mobilidade adquirida no Brasil, França, Argentina e México. Atuou na implantação de 24 sistemas de bicicletas públicas e carros elétricos compartilhados e publicou o “Projetar e Construir Bairros Sustentáveis”, estudo comparativo sobre operações urbanas consorciadas, em São Paulo e Paris.