Responsável por 25% da queima de combustível fóssil, o transporte em geral é um dos principais vilões no volume de poluentes
Uma medida urgente a ser tomada pelos governos é reduzir a emissão de poluentes gerados pelo transporte. Dados da Organização das Nações Unidades (ONU) estimam que a poluição atmosférica mata sete milhões de pessoas no mundo a cada ano. Portanto, é uma questão de saúde pública também.
Tema recorrente na agenda da gestão pública – e dos principais pontos de discussão no mundo-, a transição energética do transporte público tem visto na tecnologia o caminho para acelerar essa mudança e colaborar com a melhoria na qualidade de vida das cidades por meio de duas frentes.
Primeiro, por meio da gestão de dados para melhoria da fluidez e da velocidade operacional do transporte público. “Esse ganho de desempenho ajuda não apenas a melhorar a eficiência ambiental dos ônibus já existentes, que poluem menos quando circulam em velocidades maiores, mas também atraindo mais pessoas para o transporte público. Isso porque cada passageiro de ônibus contribui com apenas 15% das emissões de um passageiro de carro”, destaca Roberto Speicys, CEO e cofundador da Scipopulis, empresa da green4T que atua na gestão do transporte público de sete cidades brasileiras, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, e em Santiago, no Chile.
A segunda frente é relacionada à renovação da frota, contando com dados abundantes, precisos e confiáveis para apoiar a gestão pública na eletrificação dos sistemas de transporte público.
O executivo ressalta que há desafios pela frente nesta transição energética. Na passagem para veículos elétricos, a operação completa do sistema de transporte público necessita ser revista. Nesse contexto, os gestores se perguntam: quais as linhas mais adequadas para serem eletrificadas? Como eu faço uma operação com base na mobilidade elétrica? Onde terei maior impacto na frota? Entre inúmeras outras perguntas.
“A tecnologia pode contribuir significativamente para este processo de decisão. A gestão da informação e o uso de dados ajudam de forma relevante neste replanejamento, considerando as linhas e áreas para a transição energética”, afirma Speicys. Ele lembra que São Paulo tem uma frota de cerca de 14 mil ônibus a diesel e já começou a transição para a mobilidade pública elétrica.
Atualmente, as prefeituras já podem contar com soluções tecnológicas de monitoramento do transporte público e de emissão de gás carbônico da frota atual – e que podem ser utilizadas na transição energética, segundo o executivo.
O Brasil apresenta uma vantagem neste cenário, pela abundância de energia limpa e o potencial de captação de energia solar para gerar eletricidade, favorecendo a consolidação da mobilidade elétrica no país.