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FUNDAMENTOS DO MODELO DE ANÁLISE E DECISÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA

Thomas Strasser
Thomas Strasser
Diretor de Mercado Civil e Parceria Público-Privada da Fundação Ezute, tem formação em Engenharia Elétrica e Automação pela USP. Especialização em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica pela UNICAMP e certificação internacional CP3P - Certified Public-Private Partnership Professional – Foundation.

As decisões complexas na Administração Pública devem ser orientadas por metodologias reconhecidas, que forneçam os subsídios necessários para uma escolha objetiva, neutra e transparente

O processo de tomada de decisões nas várias esferas do Poder Público requer muito mais que experiência política ou executiva. Para além de valores e análises pessoais, o processo de decidir deve passar por metodologias reconhecidas, fundamentadas em sólidos conceitos, e por uma profunda análise das possíveis melhores soluções para o problema em questão.

E, claro, sempre norteado pelas boas práticas de transparência e lisura administrativa e financeira.



Como citei acima, a tomada de decisão é um processo. E como tal pode levar a resultados inesperados, muitas vezes prejudiciais, dependendo da maneira como for conduzido, do início ao fim.

Precedem o elenco de escolhas, os estudos e análises para definição da complexidade do problema que se pretende solucionar. É do contexto em que está inserido este problema, com todas suas vertentes, riscos e impactos jurídicos, econômicos, sociais e técnicos, que se extrai as possíveis soluções a serem analisadas pelo tomador de decisão.

Aquilo que muitas vezes é apresentado como a melhor solução para um determinado município, pode não ser para outro, mesmo que estejam tratando de problemas semelhantes.

Este é um fato fundamental que deve ser considerado pelos Gestores Públicos no âmbito de contratações de serviços e produtos. Sem entendimento da complexidade do cenário que envolve o problema, o gestor responsável pela tomada de decisão fica fadado à própria sorte diante das soluções oferecidas pelo mercado

Modernização com metodologia

O modelo decisório criado por Lindblom e Quinn, no final dos anos 50, denominado Modelo Incrementalista, procura demonstrar que não existe uma única decisão correta, mas sim, diversas outras que são identificadas através de muita análise e testes, visando chegar na melhor decisão e, assim, atingir o resultado que se espera.

A partir dos estudos de Lindblom e Quinn, foram desenvolvidas outras metodologias de Apoio Multicritério à Decisão (AMD), com o objetivo de indicar aos Tomadores de Decisão soluções preferenciais a problemas complexos.

O AMD permite que o processo decisório seja realizado com neutralidade, objetividade, legitimidade e a máxima transparência possível, indicando a alternativa que esteja mais comprometida com os princípios e sistema de valores da Gestão Pública.

A modernização de áreas de negócios de organismos públicos, orientada por metodologia de análise estruturada de cenários, permite que o Gestor tenha os subsídios necessários e adequados para uma tomada de decisão objetiva, reduzindo consideravelmente os riscos administrativos ou financeiros e de eventuais impactos negativos sobre o projeto ou solução que se deseja adotar.

Baseado nos mesmos princípios, o SAMTD – Sistema de Análise Multicritério para Tomada de Decisão, emprega o método Analytic Hierarchy Process (AHP) com ratings (avaliações efetivas) para a tomada de decisão a partir de um elevado número de alternativas, critérios e variáveis diretamente relacionadas ao contexto em questão.

O AHP é uma das técnicas mais utilizadas no campo empresarial e acadêmico, porque faz a decomposição hierárquica do problema, tornando sua compreensão mais fácil, principalmente onde o grupo de decisão é composto por pessoas com interesses e visões divergentes.

Neste processo de modernização institucional (principalmente da área de negócios) dos órgãos públicos, a Engenharia de Sistemas tem a responsabilidade pela identificação e decomposição das necessidades operacionais, e transformação em requisitos dos sistemas, otimizando a concepção, composição e integração dos projetos.

A partir disso, o SAMTD recebe a estrutura do problema de acordo com a hierarquia de objetivos definidos que representam os diferentes cenários possíveis para o Tomador de Decisão. Associada à decomposição do problema em uma árvore funcional, permite uma melhor compreensão das variáveis e critérios que compõem o processo de tomada de decisão.

Dessa maneira, a partir dos resultados preponderados estabelecidos, o Gestor Público consegue decidir pela alternativa mais vantajosa, econômica e de melhor qualidade para a solução do seu problema.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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