Analisando as tendências e oportunidades, podemos observar um movimento importante no governo federal, que através da Secretaria de Governo Digital tem investido fortemente em projetos de aceleração digital
O dinamismo do mercado tecnológico é perceptível e surpreendente. Aliás, seríamos considerados futuristas se há 10 anos atrás tivéssemos profetizado tantas modernizações no nosso dia a dia. Do ponto de vista dos governos, embora possamos perceber os avanços no âmbito digital, ainda enfrentamos desafios para acompanhar a evolução tecnológica, tanto devido ao tamanho da máquina pública, que é antiga e requer atualizações estruturais, como também em virtude de conceitos, leis e aspectos culturais que estão enraizados no setor público.
Analisando as tendências e oportunidades, podemos observar um movimento importante no governo federal, que através da Secretaria de Governo Digital tem investido fortemente em projetos de aceleração digital, com a disponibilização de mais de 3.000 serviços públicos digitais, com mais de 2 bilhões de reais em economia e ampliação do escopo do portal gov.br. Além de serviços digitais federais, o gov.br passa a se integrar com as prefeituras visando mais otimização e inteligência para as cidades.
Buscando atender as demandas dos mais de 106 milhões de usuários, o portal gov.br tem se atualizado para contemplar a experiência e segurança do usuário, incluindo inovações na plataforma com a adoção de novos layouts que permitem a listagem dos serviços mais acessados, recomendações de navegação, o duplo fator de autenticação e o reconhecimento por biometria, nos casos do padrão de identificação ouro, que é concedido para acessos mais avançados. Estas novidades acompanham as tendências na usabilidade de soluções digitais e demonstram a força desta agenda na pauta do governo.
A infraestrutura tecnológica tem avançado gradualmente, incluindo as redes de internet e telecomunicações. A chegada da 5G deve contribuir com o compartilhamento de dados que permitam uma gestão mais inteligente das cidades, bem como acelerar a utilização de IoTs, que são objetos conectados em rede, como câmeras de segurança, sensores de iluminação, semáforos inteligentes, entre outros dispositivos.
Embora a tecnologia em nuvem não seja algo novo, as prefeituras ainda enfrentam barreiras quanto à disponibilidade e uso de soluções que possuam infraestrutura e hospedagem 100% em nuvem. Apesar disso, percebe-se que no contexto da administração pública, diversos paradigmas vêm sendo quebrados, especialmente no que envolve o armazenamento em nuvem. Percebe-se receio quanto a migração de servidores locais para a cloud seja pela segurança dos dados ou normas dos órgãos reguladores, que até então não contemplavam abertura para o armazenamento de dados em terceiros.
Quanto às soluções de gestão, a instalação de programas e licenças deve cair cada vez mais em desuso, sendo substituída pela prestação de serviços por meio de assinatura, na modalidade SaaS, software as a service, disponibilizados diretamente no navegador, facilitando a implantação, o uso e o acesso.
Os mecanismos legais que buscam acelerar a transformação digital, como O Marco Legal das Startups, a Nova Lei de Licitações e a Lei do Governo Digital, conferem mais tranquilidade aos gestores públicos na medida em que as mudanças são regulamentadas e legitimadas, institucionalizando as iniciativas e fomentando um ambiente propício para as inovações no poder público.
Haja visto a dimensão dos desafios envolvendo a transformação digital dos governos, as ações voltadas à implementação das smart cities podem ser viabilizadas se contemplarmos uma diversificação nas estratégias. É o caso das PPPs, as parcerias público-privadas, que configuram uma alternativa interessante de contratação para a administração pública, pois, além de facilitar e acelerar a implementação através de um novo modelo que integra os diversos serviços, resguardam o poder público de possíveis riscos e custos, aportando responsabilidade quanto ao alcance das metas sobre o parceiro privado.
Desenvolvimento sustentável
Enquanto pensamos no futuro das cidades e no desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a transformação digital e o gerenciamento dos espaços públicos, é importante considerar o impacto destes movimentos alinhados aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, a inclusão social e a forma como pensamos as cidades onde queremos viver precisam ser planejadas visando uma estratégia sustentável no longo prazo.
É evidente que a transformação digital é uma realidade e necessidade para a produtividade, a eficiência, a inclusão e a acessibilidade. As oportunidades bem como os desafios são diversos e concedem, pela primeira vez, investimentos e fundos específicos voltados ao fomento de inovação para o poder público e às GovTechs. Mesmo que gradualmente, as mudanças e tendências alcançam novos territórios, contribuindo para as cidades inteligentes e conectadas em nosso país.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
É formada em Relações Internacionais na Belas Artes, possui MBA pelo Insper e atua há mais de 10 anos em projetos de inovação. Desde 2020 desenvolve projetos de digitalização nas cidades e participa de webinars e eventos envolvendo tecnologia e gestão sem papel. Atualmente, é Diretora de Marketing e Novos Negócios da Sonner, uma empresa que há 25 anos desenvolve soluções tecnológicas para governos.