Como a redução na demanda pelo transporte de massa causada pelas medidas de isolamento social poderá afetar os rumos desse modal
O acesso à mobilidade urbana em uma cidade reflete em questões socioeconômicas, logísticas e ambientais e, com a pandemia da covid-19, ocorreram mudanças significativas no deslocamento das pessoas no espaço urbano. No contexto, o cenário provocou redução na demanda do transporte público, que, de acordo com o Boletim da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a quantidade de viagens realizadas por passageiros teve redução de 80% nas primeiras semanas da crise em 2020.
Segundo Paula Faria, Ceo da Necta e idealizadora do Connected Smart Cities & Mobility, “decidir diminuir a frota de veículos no início da pandemia só evidencia a necessidade de alterar a logística de licitação deste ecossistema no país. A partir do momento em que essa remuneração é feita por passageiro, e não por quilômetro rodado, como observamos em países europeus e que são exemplos no quesito de mobilidade, o modelo já pressupõe lotação”.
“O grande efeito colateral dessa logística de licitação é que, pela falta de receita causada pelo impacto da pandemia, as empresas reduziram as frotas, demitiram funcionários e precarizaram ainda mais esse serviço. É preciso entender que a pandemia vai passar, mas a necessidade de se locomover pelo espaço urbano não. Nunca foi tão importante discutir investimentos e novos modelos de gestão para o setor”, disse Faria.
Adaptação aos novos tempos
De acordo com Carlos José Barreiro, secretário de Infraestrutura de Campinas e que atuou por sete anos como secretário de Transporte da cidade e na presidência da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas, o transporte público de passageiros precisa se adaptar aos novos tempos, enfrentando as dificuldades da perda de passageiros, aplicativos e outros modais como bicicleta, triciclos, entre outros.
“É a solução para o deslocamento urbano das grandes cidades e metrópoles do mundo. Assim, caberá à gestão pública, detentora das concessões, definir políticas que ofereçam recursos econômico-financeiros para sustentar os custos deste sistema de transporte público. Isso por meio de soluções criativas, tais como oriundos dos combustíveis dos veículos, dos proprietários de imóveis, ou seja, desenvolver soluções que tenham menor custo no sistema, ter opções mais sustentáveis ambientalmente, como os ônibus elétricos, por exemplo”, disse.
Nesse sentido, existe um debate crescente dentro do conceito de cidades inteligentes que aborda a mobilidade a partir do planejamento urbano. Para que os deslocamentos possam ocorrer de maneira mais rápida e eficiente, é preciso que os cidadãos tenham acesso ao trabalho, escola, lazer, etc, a uma distância menor. Ou seja, o investimento para que o transporte coletivo seja de excelência, deve ser feito em paralelo com a inclusão de novos modais e a redução dos deslocamentos como um todo.
O tema está no contexto do evento nacional Connected Smart Cities & Mobility 2021, que acontece em setembro. A iniciativa contempla, ainda, agenda pré-evento, por meio de ações regionais em todas as capitais do País, além dos “Pontos de Conexão CSCM”, que serão transmitidos ao vivo.
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