O Transit Oriented Development tem como objetivo desenvolver estratégias para uma mobilidade mais sustentável e uma ocupação mais compacta das cidades
Transit Oriented Development, ou Desenvolvimento Orientado ao Transporte, mais conhecido pela sigla TOD, é o planejamento urbano voltado para a priorização do transporte público e mobilidade ativa em detrimento aos veículos individuais, tendo como princípio base desenvolver políticas públicas que busquem o desenvolvimento sustentável para a mobilidade. O conceito propõe também uma ocupação mais compacta, que utiliza o uso misto do solo e busca encurtar distâncias a serem percorridas.
Segundo Paula Faria, CEO da Necta e idealizadora do Connected Smart Cities & Mobility, “a solução que envolve o Transit Oriented Development não é apenas um planejamento voltado para o transporte público, mas como esse pode reverter a tendência de concentrar oportunidades nos distritos centrais, garantindo um crescimento conectado e inteligente na mobilidade urbana”.
Com a pandemia da covid-19 e as medidas de isolamento social, o transporte público, da maneira como se encontra no país, passou a ser um risco para a saúde pública. Com isso, de acordo com dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o ano de 2020 se encerrou com 61% da demanda usual e apenas 80% da frota em circulação, resultando em um prejuízo de 9,5 bilhões acumulados apenas pelas empresas de ônibus urbanos no período de março a 31 de dezembro do ano passado.
De acordo com Flávio Chevis, CEO da ADDAX, “o dilema real que vive o formulador de políticas públicas, incluindo o TOD, é a contra tendência engendrada na pandemia de espraiamento da população pela adoção do Home Office, total ou parcial, vis-à-vis o adensamento que ocorria e é preconizado no contexto. (…) Essa dinâmica foi afetada pela pandemia, já que a população de renda média e alta pode optar por se ‘deslocalizar’ em relação ao trabalho, buscando inclusive preços de moradia mais baratos. Esse é o real desafio que políticas para o TOD devem endereçar pensando no pós-pandemia”.
Conforme Peter Mirow, CEO da DB International Brasil, o covid-19, apesar de ter impactado no transporte público, não deve ser tratado como uma questão permanente: “Acredito que a situação atual que vivemos é um sinal de alerta para o transporte público, no sentido de que precisamos investir mais, e melhor em nossas infraestruturas, para poder oferecer um transporte seguro e de qualidade aos nossos passageiros. O investimento em transporte público é sempre um investimento de longo prazo. E essa pandemia vai passar”, afirma Mirow.
A pandemia exerceu um papel fundamental em evidenciar os problemas presentes dentro da mobilidade urbana, principalmente para a parcela da população que enfrenta longos deslocamentos, além de também incentivar o uso da mobilidade ativa como alternativa. Segundo André Cruz, Sócio e Diretor de Planejamento Urbano da Urban Systems, “A covid impactou no transporte público, que já era um sistema deficitário, tornando-se ainda mais complexo com a pandemia e aumentando ainda mais o desafio para o setor. Isso não impede da gente continuar discutindo o desenvolvimento do transporte, muito pelo contrário: esse é um caminho sem volta”.
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