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A CIDADE SABE TUDO

Cris Alessi
Cris Alessi
Consultora de Inovação e Transformação Digital; Palestrante. Conselheira. Investidora Anjo; Diretora de programas da Funpar - UFPR. Mãe do Victor e da Marina. Maratonista. Ex-Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação e do Conselho Municipal de Inovação. Co-fundou e presidiu o Fórum InovaCidades ligado à Frente Nacional de Prefeitos. Atua no Conselho de Mulheres na Tecnologia.

Se a cidade sabe tudo com o avanço tecnológico, cabe às pessoas agirem com comportamentos humanos, como ética transparência e empatia para transformar esse conhecimento em benefícios inteligentes

“Everyone alive today is being scored”. Esta é a afirmação mais ousada do Tech Trends Report 2021, o relatório do Future Today Institute, de Nova York, que todo ano aponta as novas tendências tecnológicas. Além do Scoring, técnica de pontuação de clientes, o relatório cita avanços de Reconhecimento, como assistentes de voz que podem descobrir o que as pessoas digitam num aparelho próximo; reconhecimento facial que identifica automaticamente pessoas e animais; máquinas que “enxergam” objetos mesmo sem uma câmera; e novos sistemas que estão sendo desenvolvidos para te ajudar a enganar os algoritmos de reconhecimento mas que, paradoxalmente, os ajudam a te ver mais claramente. Com tudo isso, o relatório define Pontuação e Reconhecimento com uma frase significativa: o anonimato morreu!

Os avanços 

Justamente a tecnologia que consolidou o termo SmartCity, justamente as BigTechs principais difusoras do primeiro conceito de Cidades Inteligentes movimentam um mercado que avança veloz. Caminhamos para um mundo onde a Inteligência Artificial ficará acessível a quase todos. Serviços da Amazon, Azure e Google permitirão que qualquer pessoa crie sua própria aplicação de IA. Consumidores, para obter renda extra, permitirão acesso a seus celulares, tablets ou aparelhos de casa ociosos. Com o 5G há uma expectativa de proliferação de smart eyewears a tal ponto que o processamento da linguagem natural permitirá aos aparelhos até o reconhecimento das emoções de quem os usa. 



A pandemia e a transformação digital 

A pandemia condensou em poucos meses uma década de transformação digital. Além do varejo, as novidades na saúde foram surpreendentes. A Covid-19 acelerou o uso de Inteligência Artificial para descobrir novos remédios. A telemedicina foi implantada rapidamente em muitos países. No Brasil, Curitiba foi a primeira capital a lançar a videoconsulta. Em alguns países, diagnósticos são feitos em casa conectando aparelhos com espelhos ou vasos sanitários inteligentes.

A indústria Home of Things (HoT) está crescendo com trabalho, estudo e academia dentro dos lares. As casas ficarão autoconscientes: sensores vão ajustar temperatura, som, luz e outras funções em tempo real para atender as famílias. O relatório informa que 69% das empresas irão reduzir suas necessidades de aluguel de imóveis. Como o mercado, as empresas e as cidades estão se preparando para isso? E os desafios do mundo hiperconectado, como as brechas de segurança que o home-office traz? 

Exemplos da China e Arábia Saudita

Nas cidades o impacto chegou. A China está criando um ecossistema de mobilidade que inclui veículos elétricos, aplicativos, inteligência artificial e dados, o qual pretende exportar para o mundo em navios 100% autônomos. A Arábia Saudita está desenvolvendo novas megacidades tecnológicas. Fazendas verticais indoor inteligentes já produzem 20 vezes mais que as tradicionais. Se olhamos esses exemplos e pensamos que estão muito longe da realidade de nossas cidades basta lembrarmos que o mercado brasileiro de TI apresentou um crescimento de mais de 12% em 2020. Houve aumento de cinco vezes nos pagamentos por meios digitais do varejo; de 112% nos pedidos de compra online; e o e-commerce faturou 104% a mais que em 2019; e 74% das transações financeiras no Brasil foram em canais digitais no ano passado.

Há uma mudança no comportamento do consumidor, do cidadão, das empresas, o que deixa pegadas digitais, sinais que mostram novos caminhos, produtos e serviços que podem ser desenvolvidos e individualizar cada vez mais a sociedade. Se a cidade sabe tudo com o avanço tecnológico, cabe às pessoas agirem com comportamentos humanos como ética, transparência e empatia para transformar esse conhecimento em benefícios inteligentes, para cidades, governos e pessoas inteligentes.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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