Os riscos à saúde impostos pela pandemia da Covid-19 colocam os deslocamentos a pé e de bicicleta entre as prioridades da mobilidade urbana
Parte fundamental na pauta de cidades sustentáveis, a mobilidade ativa tem aumentado no país e reflete mudanças na forma das pessoas se deslocarem, aumentando a demanda do setor e trazendo reflexões sobre o planejamento das cidades.
Em 2020, em meio a pandemia da Covid-19, a venda de bicicletas no Brasil cresceu 50%, na comparação com 2019, de acordo com a Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas). Já a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) projeta alta de 12,8% na produção esse ano. E o setor também conta com redução do imposto de importação.
O cenário é favorável e os benefícios à saúde e ao meio ambiente são inegáveis, bem como o aumento da adesão das pessoas por formas mais sustentáveis de deslocamentos. E o que falta para que as cidades brasileiras incorporem de forma massiva a mobilidade ativa?
Paula Faria, CEO da Necta e idealizadora do Connected Smart Cities & Mobility, plataforma que envolve os diversos atores do ecossistema de cidades e mobilidade urbana, enfatiza que os projetos de infraestrutura para as cidades precisam de um novo olhar, passando pela quebra de paradigmas e aplicando definitivamente o conceito do deslocamento a pé e por bicicleta.
“Transformar a mobilidade ativa em realidade envolve mudanças por parte dos gestores públicos, da sociedade e empresas. Avançamos um pouco, mas as cidades ainda estão muito distantes do ideal quando olhamos a infraestrutura de ciclovias, as conexões oferecidas com outros meios de transporte, além da segurança para pedestres e ciclistas”, disse.
Marcel Martin, coordenador do portfólio de Transportes no Instituto Clima e Sociedade (iCS) e da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), destaca o incentivo ao uso do modal em todas as regiões das cidades. “A construção de calçadas adequadas e a disponibilidade de bicicletários em estações de metrô, terminais urbanos e espaços privados são iniciativas importantes. Fortaleza/CE vem trabalhando bem essa reurbanização”.
Martin também fala de países que expandiram ações durante a pandemia. “Temos bons exemplos, como Colômbia e Chile, que fizeram ciclovias provisórias e estão se tornando definitivas”.
Já Willian Rigon, sócio e diretor comercial e marketing da Urban Systems, pontua que as ciclovias são um importante modal, pois reduzem os congestionamentos e a poluição, mas que a implementação precisa ser adequada. “Em muitas regiões as ciclovias ocuparam espaços antes destinados aos pedestres, em calçadas e canteiros centrais, impactando a circulação ativa”.
Rigon cita que a cidade de São Paulo conta com uma das maiores ofertas de ciclofaixas do país, somando mais de 600 km. “Após anos de implantação, essa política modal cumpriu uma função importante: ligar a periferia ao centro”.
No Brasil, são poucas as cidades com mais de 400 km de ciclovias, conforme o Ranking Connected Smart Cities. Apenas São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Quando os dados são relacionados à população, a média, em São Paulo, é de 3,9 km de ciclovia por cem mil habitantes. Berlim conta com 650 km, ou seja, 17,1 km por cem mil habitantes.
A mobilidade ativa está inserida nos temas do evento nacional Connected Smart Cities & Mobility, que acontece entre 01 e 03 de setembro de 2021, em São Paulo.
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