A previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) volte a crescer em 2021, após a queda de 4,66% nesse ano
No final de 2019, o ano de 2020 era esperado com muito otimismo pelo mercado financeiro com claros sinais de recuperação da economia. Assim que chegou, o mundo todo foi pego de surpresa por incertezas e dificuldades impostas pela pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19). A economia mundial tem passado por grandes dificuldades e mudanças durante os últimos meses e, com a expectativa da chegada de uma vacina para a doença, os olhos de especialistas e governos se voltam novamente para a recuperação da economia em 2021.
Após registrar queda de 2,5% em seu Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros três meses do ano e recuo de 9,7% no período abril a junho, a economia nacional voltou a apresentar resultados positivos. O Indicador de Atividades (IBC-Br), calculado e divulgado pelo Banco Central, demonstra que a atividade econômica cresceu 9,47% no 3º trimestre em relação aos três meses anteriores. Esse resultado confirma que o País saiu da recessão técnica observada no primeiro semestre.
A previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) volte a crescer em 2021, após a queda de 4,66% nesse ano. A expectativa é que, em 2021, o PIB atinja um crescimento de 3,1%, de acordo com agência de classificação de risco Fitch Ratings, divulgado dia 7 de dezembro. A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia acredita que algumas variáveis deverão auxiliar no bom desempenho do PIB em 2021: emprego, crédito e consolidação fiscal.
PPPs
Já o Ministro da Economia Paulo Guedes é ainda mais otimista em relação ao próximo ano. No dia 18 de novembro, em vídeo enviado à Revista Exame para o evento “Melhores e Maiores 2020″, Guedes afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode surpreender em 2021 e crescer mais de 4%. “O Brasil deve crescer ano que vem, segundo as estimativas, entre 3% e 4%, mas podemos surpreender para mais”, disse. Segundo o chefe da equipe econômica, o ritmo será impulsionado pela aprovação de marcos regulatórios que atrairão investimentos na infraestrutura nacional.
“O grande desafio à frente é transformar essa recuperação cíclica em uma retomada do crescimento sustentável. Ou seja, transformar essa onda de consumo que tirou o Brasil do fundo do poço através de ferramentas monetárias e fiscais que utilizamos esse ano para uma onda de investimentos”, afirmou.
A fala do ministro confirma algo que tanto o governo federal, quanto os estaduais e municipais esperam para o próximo ano: a continuidade das PPPs (Parcerias Público Privadas) e a retomada dos investimentos privados no Brasil.
Conforme já citamos aqui no blog, os editais para a instituição de parcerias entre governos e o setor privado estão cada vez mais elaborados para garantir segurança jurídica e retorno ao investidor. Instituições como o Banco Mundial (World Bank), BID (Banco Interamericano do Desenvolvimento) e o próprio Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entenderam a demanda para a elaboração de projetos competentes que atraiam o investidor internacional e disponibilizaram linhas de crédito e suas equipes para a elaboração dos projetos.
Agora os projetos não focam apenas grandes obras, sob gestão federal ou estadual, e passam a abranger desde iluminação pública, segurança, mobilidade, saneamento, parques e áreas de proteção ambiental, educação e saúde, nas esferas estaduais e municipais.
MERCADO IMOBILIÁRIO E VAREJO
Analisando o mercado imobiliário pudemos observar que as novas tendências de moradia e trabalho já iniciaram esse movimento de recuperação, ainda durante esse ano, alguns setores mantiveram um crescimento, mesmo que discreto. Alguns seguimentos tiveram até impacto positivo durante esse período, como as habitações mais populares, por exemplo. Acreditamos que em 2021, após o hiato causado pela pandemia, voltaremos aquela curva de crescimento aguardada para 2020. A pandemia trouxe outro ponto de vista sobre os imóveis, os novos empreendimentos devem contemplar as novas necessidades dos consumidores, principalmente no que se refere ao espaço interno das residências e na disponibilidade de áreas para uso em comum dos empreendimentos verticais.
O varejo também demonstrou crescimento mesmo durante a pandemia, impulsionado, principalmente, pelas vendas online, pelo início da flexibilização e pela demanda interna e crescente do período. Segundo informações da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada dia 11 de novembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)*, as vendas do comércio varejista cresceram 0,6% em setembro, quinta taxa positiva consecutiva desde maio. Apesar da trajetória de crescimento, o resultado indica uma desaceleração frente às altas dos meses anteriores – agosto (3,1%), julho (4,7%), junho (8,7%) e maio (12,2%). Em relação a setembro de 2019, o comércio cresceu 7,3%.
As vendas nos shopping centers, que foram muito impactados pela pandemia, também começam a se recuperar. O faturamento ainda está abaixo do período pré pandemia, mas a queda das vendas, que chegou a 90% em março, ficou em 26,5% em setembro. De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)*, 6 mil lojas, das 11 mil que encerraram atividades entre abril e agosto, já foram reocupadas.
RECUPERAÇÃO LENTA
Enquanto os números mostram o favorecimento de alguns setores, outros deverão levar mais tempo para a recuperação. O setor turístico, principalmente de longa distância, deverá levar tempo até iniciar a retomada, uma vez que a pandemia não afeta apenas o Brasil. Mesmo as viagens dentro do País, de longa distância, não deverão voltar nos próximos meses. Nesse período o foco deve ser o turismo regional, cidades mais próximas das residências das pessoas onde é possível descansar e buscar novos ares durante o confinamento.
Aqui na Urban Systems os estudos de inteligência de mercado, para todos os seguimentos analisados, contam com olhar crítico e análises aprofundadas que trazem cenários para o entendimento das oportunidades de negócios e mitigam os riscos de investimento frente as situações adversas do mercado.
Por Paulo Takito, sócio diretor da Urban Systems
*Fontes: Live Exame, Fitch Ratings, IBGE e Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)