A tecnologia permite que a distribuição de água seja feita de maneira inteligente e sustentável: o desenvolvimento de tecnologias é essencial para aumentar a eficiência do saneamento e também monitorar o consumo de água.
Como consequência ao crescimento da população, o sistema de saneamento básico está cada vez mais complexo e se estende por milhares de quilômetros. Com isso, cresce a necessidade de ampliar a oferta desse serviço- ainda mais em países como o Brasil que carecem do sistema- e reduzir o custo e a perda de água no processo. De acordo com a Organização das Nações Unidas, 14% da população sofrerá com a escassez de água até 2025, ou seja, nunca foi tão necessário pensar em soluções inteligentes e inovadoras para cuidar dos recursos hídricos do planeta, ao mesmo tempo que o fornecimento da rede de água e esgoto chegue para mais pessoas como maneira de reduzir a barreira da desigualdade.
No Brasil, por conta de medições incorretas e vazamentos, o índice de perdas na distribuição de água do país é de 39,95%. Essa perda, no entanto, pode ser prevenida pelo uso de tecnologias que conseguem fornecer o monitoramento do consumo de água: os medidores inteligentes de recursos hídricos conseguem calcular a vazão de água e, caso esse esteja maior que o recomendado, um alerta é emitido para o consumidor- essa tecnologia já é utilizada pelo Departamento Municipal de Águas e Esgotos de Porto Alegre, sendo que a cidade já possui um regulamento de 35% do fornecimento total de água.
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IoT É ESSENCIAL PARA A CONSTRUÇÃO DE CIDADES INTELIGENTES E CONECTADAS
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) criou em 2010 uma Superintendência de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Novos Negócios, sendo que em 2016 foram investidos R$ 16 milhões nessa área. A empresa tem como objetivo melhorar os processos nacionais, de modo que não vá mais depender de fornecedores internacionais e, para isso, irá receber um investimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) de R$ 50 milhões até 2029 para auxiliar na produção de pesquisa em universidades.
Outra solução inteligente foi desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) que criou uma fossa séptica biodigestora, ou seja, o esgoto é tratado no vaso sanitário e resulta em uma substância que pode ser utilizada como fertilizante para o solo. A fossa foi criada com o objetivo de reduzir o custo, ser fácil e prática de instalar e não deixar nenhum tipo de substância tóxica, que poderia gerar odores, por exemplo.
MAS O QUE ISSO TEM HAVER COM IoT E BIG DATA?
IoT é justamente a capacidade que objetos possuem de produzirem dados de maneira interligada e Big Data é responsável por analisar esses dados e dar sentido a eles. Um bom exemplo disso dentro do contexto de saneamento é o monitoramento de poços artesianos na região metropolitana de Recife, que permitem acessar os dados do consumo, a temperatura e a condutividade dos poços- sendo que um software produz gráficos todos os dias por período de horas, garantindo que não haverá esgotamento do aquífero.
Nesse caso, IoT são os sistemas espalhados nos poços que conseguem fazer o monitoramento e Big Data é a produção dos gráficos que indicam uma análise de perfil de consumo. Tudo isso permite que a distribuição de água seja feita de maneira inteligente e sustentável.
O desenvolvimento dessas tecnologias é essencial para aumentar a eficiência no serviço e também monitorar o consumo de água. A SABESP já monitora o consumo diário dos imóveis e seus clientes podem acessar informações sobre a gestão de seus consumos de água através do APP Sabesp. Isso faz com que os consumidores possam ter uma projeção de consumo e leva as pessoas a serem mais conscientes, melhorando também a relação entre a Companhia e os clientes.
No final do dia, investir em IoT e Big Data é indispensável para cidades inteligentes e conectadas. A transparência que essas tecnologias proporcionam, seja pelo uso de aplicativos ou aplicação de gráficos, permite com que gestores públicos, empresas e cidadãos tenham mais clareza de suas ações e possam agir de maneira a preservar os recursos hídricos, ao mesmo tempo em que expandem o seu fornecimento.