Levantamento da Rede Nossa São Paulo indicou ainda que 30% dos paulistanos pretendem usar menos o transporte público; já 32% deixaram o isolamento com a flexibilização da quarentena
Três em cada dez pessoas andam mais a pé na cidade de São Paulo para se proteger da Covid-19, de acordo com uma pesquisa da Rede Nossa São Paulo divulgada nesta quinta-feira (6). O levantamento “Viver em São Paulo: Especial Pandemia” mostrou que o paulistano está especialmente preocupado com os meios de transporte.
A pesquisa foi feita por meio de entrevistas online, entre os dias 20 e 28 de julho, com entrevistados maiores de 16 anos, das classe A, B e C, todos moradores da capital. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Quando questionados sobre as medidas implementadas para se proteger na pandemia, além do uso de máscara e álcool gel, 32% responderam que a aposta é no deslocamento a pé. Além disso, 25% disseram usar mais o transporte individual, como carro ou moto, e 25% se preocupam em fugir dos horários de pico.
Para o futuro, 41% pretendem se deslocar mais à pé, outros 19% querem usar mais o carro, 17%, a bicicleta, e 14% o táxi ou carro de aplicativo. Além disso, 30% dos paulistanos responderam que pretendem usar menos os ônibus mesmo depois da pandemia, e 27% querem diminuir o uso de trem e metrô.
A prefeitura garante que os paulistanos podem confiar no transporte público, cuja frota em circulação está em 85%, com higienização reforçada e obrigatoriedade do uso de máscaras, mas muita gente duvida.
“É o maior desconforto, né. Você paga caro e vive em uma lata de sardinha”, disse a passageira Fernanda Nascimento.
Raphaela Lourenço, que trabalha como auxiliar de vendas, contou que passou a usar carro de aplicativo na saída do trabalho como medida de proteção, apesar de pesar no orçamento. “Se eu botar na ponta do lápis, faz falta essa grana? Faz”, reconheceu.
Na pesquisa da Rede Nossa São Paulo, quando perguntados sobre quais medidas a prefeitura está tomando ou poderia tomar para aumentar a segurança no transporte público, quase metade respondeu, justamente, “aumentar a frota”.
“No momento adequado, na retomada, vai ser fundamental saber que tipo de mobilidade foi entregue. O problema pode ser solucionado com uma combinação de questões: novas modalidades e redução de lotação, já que dois terços da população da cidade de São Paulo se deslocam através do transporte coletivo”, disse Jorge Abrahão, coordenador da Rede Nossa São Paulo.
32% DEIXARAM A QUARENTENA
A retomada das atividades em shoppings, no comércio, em bares, restaurantes e academias tirou muita gente da quarentena – 32% dos entrevistados pela Rede Nossa São Paulo disseram que deixaram de fazer o isolamento social nas últimas semanas.
Entre os 68% que garante ainda sair apenas para atividades essenciais, 42% explicaram que não confiam nos dados oficiais e têm medo, 32% justificaram que são do grupo de risco, e 20% falaram que já estão adaptados ao trabalho em casa.
Entre os entrevistados, 36% revelaram a preocupação com uma segunda onda do vírus na cidade e, consequentemente, ser obrigado a ficar isolado de novo.