O Connected Smart Cities entrevistou o prefeito Gean Loureiro sobre como o investimento em novas tecnologias tornou a cidade mais resiliente durante o período de crise
Na série realizada pelo Connected Smart Cities sobre Tecnologia, fica claro o impacto que novas tecnologias possuem em auxiliar o planejamento e gestão urbana. Além de promoverem uma desburocratização e maior transparência, reduzem o custo para o poder público e permitem uma maior participação social. Especialmente em momentos de crise, é preciso aplicar novos mecanismos para auxiliarem a gestão pública, fazendo com que todos os setores da sociedade atuem em conjunto para tornarem as cidades mais inteligentes.
A cidade de Florianópolis é a segunda colocada no eixo Tecnologia e Inovação no Ranking Connected Smart Cities. Com o desenvolvimento do setor, de acordo com o estudo Tech Report, a capital faturou R$6,7 bilhões em 2018- sendo que a cidade ocupa também o segundo lugar no ranking nacional de startups por habitantes.
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O Connected Smart Cities realizou uma entrevista com o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, para entender como o investimento realizado pela cidade no setor de tecnologia auxiliou no combate à crise: “Nós temos a menor letalidade de todas as capitais do Brasil. As empresas de tecnologia que fizeram uma parceria com a Associação Catarinense de Medicina e a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia estão oferecendo gratuitamente para a cidade de florianópolis uma série de aplicativos. Um deles, quando é identificada uma pessoa contaminada, outras pessoas que estão em um raio de 200m, recebem, por meio de uma mensagem de texto, que nas proximidades de sua residência tem um caso confirmado. O objetivo não é trazer o pavor, mas intensificar as medidas de higienização e reforçar que é para a população permanecer em casa. Além disso, quando a pessoa é identificada como caso positivo, é enviada uma solicitação para acessar o GPS da pessoa pelo celular, para que exista um controle dos últimos 7 dias dessa pessoa, de modo que seja possível avisar possíveis contaminados e garantir maior isolamento social”.
Considerada a “Vale do Silício da América Latina” pela BBC World, Florianópolis possui, de acordo com dados da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), mais de 900 empresas de tecnologia que faturam mais de R$5,4 bilhões por ano. Segundo o prefeito, o retorno do investimento chega a ser 4 vezes maior: “O fato de Florianópolis ter avançado no setor de tecnologia, faz com que exista a criação de pequenas empresas- que se formam com o apoio do fundo municipal de inovação criado pela prefeitura-e percebemos que cada recurso investido volta de 3 à 4 vezes maior na arrecadação. O fato de Florianópolis criar essa cultura de tecnologia, faz com que cada vez mais tenhamos um ecossistema interligado, o que, frente a uma realidade pós pandemia, abre uma maior possibilidade de sucesso para Florianópolis em ser mais tecnológica e inovadora”.
Os ecossistemas citados por Gean Loureiro fazem referência ao conjunto de empresas, startups e incubadoras que são de desenvolvimento de CT&I (ciência, tecnologia e inovação), além de estarem alinhadas com as políticas da Prefeitura Municipal de Florianópolis e pelo Governo do Estado. Cada um desses ecossistemas conta com um espaço para informação, orientação e suporte, auxiliando não apenas quem já atua na cidade, como também aqueles que desejam investir.
Gean Loureiro disse para o Connected Smart Cities que a combinação de novas tecnologias estão sendo utilizadas nesse momento para auxiliar no combate ao coronavírus: “Estamos monitorando a movimentação através de câmeras na cidade e aplicativos- para que a nossa tomada de decisão seja baseada em função do cumprimento ou não das recomendações de distanciamento social. (…) Precisamos estudar novas formas de poder auxiliar no cruzamento em função da localização das pessoas contaminadas com as outras pessoas que tiveram contato com ela. Tudo tem sido feito a partir de universidades, empresas de tecnologia e governo federal que estão trabalhando juntos frente a essa situação”.
Por fim, quando questionado se acreditava que a postura da população e dos gestores públicos ia mudar com a implementação de novas tecnologias, o prefeito deu seu panorama: “Parece que o comportamento da população, antes e depois da pandemia, vai mudar bastante. As próprias instituições estão começando a perceber que a possibilidade de reuniões virtuais tem um efeito muito similar de reuniões presenciais, que são feitas com mais dificuldade e com uma menor quantidade de pessoas devido ao deslocamento. Isso vai alavancar o mercado de tecnologia, criando novas oportunidades, e, Florianópolis por ter empresas de tecnologia, além de um investimento das nossas universidades e do poder público municipal, geramos um ecossistema muito favorável para esse mercado ser ampliado.”