Dados apontam que para melhorar índices de saúde, educação e economia é preciso em primeiro lugar investir na rede de esgoto e água
A capital de Rondônia, Porto Velho, tem apenas 4,5% do esgoto coletado e apenas 3,2% desse esgoto tratado. De acordo com o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento, a região Norte do país tem somente 57,05% da população abastecida com água tratada. Os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Alagoas e Rondônia são os que menos investiram em saneamento básico nos últimos três anos.
Em comparação, no Sudeste e Sul o índice de atendimento é de 91,03% e 90,19%, respectivamente. Dito isso, os 85 municípios dos 1.868 que estão rumo à universalização do saneamento se encontram no eixo Sul-Sudeste. Quando mais distante dessas regiões, mais parecida é a situação com a cidade de Porto Velho.
Em 2017, a Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu que 1,7 milhão de crianças morrem devido a ambientes poluídos e insalubres todos os anos. A falta de saneamento afeta também a educação e o rendimento, sendo que a escolaridade média dos indivíduos que vivem em áreas com acesso a água e esgoto é de 9,73 anos e daqueles que não possuem acesso é de apenas 5,63. O desempenho no Enem também é afetado: em 2018, a nota média dos estudantes com banheiro em casa foi de 531,73 e a dos que não tem foi de 482,09.
De acordo com o Censo Escolar 2018, 16% dos institutos de educação básica não possuem banheiro dentro da escola. Nesse cenário, a cada quatro estabelecimentos de ensino, um não possui acesso a água encanada e metade não tem rede de esgoto. O problema da educação precária afeta, ainda, diretamente e de forma bem importante a economia, sendo que os anos de estudos médio de um país está diretamente relacionado com o aumento do PIB per capita.
A falta de saneamento básico é também uma questão que acentua as desigualdades raciais e de gênero: dados do IBGE apontam que mais de 40% das famílias de mulheres negras e mães solteiras não têm acesso a rede de esgoto. Além disso, a falta de rede de esgoto e água desvaloriza imóveis e a expansão do mercado imobiliário, sendo que o aluguel médio de moradias com saneamento é de R$ 795,58 ao mês e das que não possuem o serviço é de R$ 178,42.
O acesso ao saneamento básico é um direito endossado pela lei brasileira, mas ainda sim não é garantido para boa parte da população. O investimento na área afetaria positivamente à educação, saúde e economia do país: segundo a OMS, a cada R$1,00 investido em saneamento gera economia de R$4,00 na saúde. Mesmo com dados apontando a necessidade de se investir no setor, em 2019, apenas R$14,7 bilhões foram investidos, sendo necessários, de acordo com estimativas da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), investimentos anuais de R$30 bilhões pelos próximos dez anos para que o Brasil caminhe para a universalização do serviço.
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