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A PORTA DE ENTRADA PARA A CIDADE INTELIGENTE

Tatiana Tucunduva P. Cortese
Tatiana Tucunduva P. Cortese
Pesquisadora do USP Cidades Globais – Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, docente do Programa de Pós-graduação em Cidades Inteligentes e Sustentáveis – PPGCIS da Universidade Nove de Julho (UNINOVE) e Autora dos livros “Cidades Inteligentes e Sustentáveis” e “Mudanças Climáticas: do global ao local.

Para termos inclusão digital, é necessário ter acesso à rede de comunicação; ter o dispositivo para conexão, que pode ser um computador ou um smartphone; e, por fim, dominar as ferramentas tecnológicas

Partindo de uma pesquisa que visa analisar a percepção das brasileiras e dos brasileiros sobre as mudanças climáticas e as queimadas na Amazônia, realizada pelo Instituto Tecnologia & Sociedade do Rio de Janeiro (1), destaca-se que os jovens, os mais escolarizados e as mulheres são os que mais declaram se importar com a questão climática. Um quinto da população entrevistada considera conhecer bastante o tema e esse conhecimento é maior nas classes mais altas e entre aqueles que têm acesso à internet.

Essa informação nos remete ao conceito difundido pela Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, em que uma “Cidade Inteligente é uma cidade comprometida com desenvolvimento urbano e a transformação digital sustentáveis” (2). A cidade inteligente é aquela que utiliza tecnologias para solucionar problemas concretos, criar oportunidades e reduzir as desigualdades.



A porta de entrada para a cidade inteligente é a conectividade e todos têm direito de acesso à internet, garantido pelo Marco Legal da Internet – Lei Federal nº 12.965/2014. Inclusive a lei destaca que o acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania. Porém, de acordo com a pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (3), em 2020, as desigualdades digitais persistem e as oportunidades que decorrem da utilização da internet são afetadas por essa exclusão digital.

O custo da conexão permanece como a principal barreira. Aumentou o número de domicílios com computador, mas em relação ao acesso à internet, esse aumento se concentra entre domicílios das áreas urbanas e das classes A, B e C. Para termos inclusão digital, é necessário ter acesso à rede de comunicação; ter o dispositivo para conexão, que pode ser um computador ou um smartphone; e, por fim, dominar as ferramentas tecnológicas. Os cidadãos precisam desenvolver habilidades e competências para usufruírem desse processo de ampliação e democratização do acesso às tecnologias da informação e comunicação (TIC). Esse domínio é denominado letramento digital.

E é com essa finalidade que a integração da transformação digital nas políticas, programas e projetos de desenvolvimento urbano sustentável, respeitando diversidades e considerando as desigualdades presentes nas cidades brasileiras é um dos objetivos estratégicos da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes. Utilizar o acesso à internet como indicador e reconhecer pelo indicador que há um déficit de conectividade vai estimular a discussão entre sociedade civil, poder público, iniciativa privada e academia para buscar soluções. O desenvolvimento sustentável depende de acesso equitativo à internet de qualidade para todas as pessoas. 

Ter acesso à internet com competências, habilidades e atitudes desenvolvidas fortalecerá o cidadão e permitirá maior engajamento da sociedade no processo de transformação digital. Importante ressaltar que auxilia também na sensibilização e ampliação de consciência sobre o que está acontecendo no planeta. E cada indivíduo pode e deve assumir um papel importante no caminho por um lugar melhor para se viver. Todos queremos cidades mais justas, diversas, inclusivas, acolhedoras, seguras, resilientes, inovadoras e conectadas. Precisamos construir essa realidade juntos. Afinal, assim como o lema da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, não queremos deixar ninguém para trás!

Referências

  1. (ITS) Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio. Mudanças climáticas na percepção dos brasileiros. 2021. Disponível em: https://www.percepcaoclimatica.com.br/.
  2. (MDR) Ministério do Desenvolvimento Regional. Carta Brasileira para Cidades Inteligentes. 2020. Disponível em https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/desenvolvimento-regional/projeto-andus/Carta_Bras_Cidades_Inteligentes_Final.pdf.
  3. (CETIC) Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. 2020. Disponível em https://cetic.br/pt/pesquisa/domicilios/indicadores/

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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