spot_img
HomeCONTEÚDOSCidadesNOVOS NEGÓCIOS, CIDADES INTELIGENTES E A AGENDA ESG

NOVOS NEGÓCIOS, CIDADES INTELIGENTES E A AGENDA ESG

Igor Calvet
Igor Calvet
Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Atuou como Secretário Especial Adjunto do Ministério da Economia, e Secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do extinto Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Também foi Chefe da Assessoria de Assuntos Regulatórios e Internacionais do Ministério da Saúde e analista de Negócios e Projetos da Apex-Brasil.

A crescente mudança nas experiências de consumo das pessoas, que exigem cada vez mais serviços e produtos sustentáveis, realinhou modos de produção e modificou as estratégias comerciais, competitivas e de reputação das empresas

Assim como a transformação digital ganha contornos de fenômeno irreversível, a sustentabilidade ambiental ganha centralidade no planejamento estratégico empresarial de companhias de todo o mundo, em um caminho sem volta. Os três pilares que sustentam a marca ESG (em português, meio ambiente, social e governança) consolidam-se como premissas necessárias para o processo de remodelagem dos negócios.

A crescente mudança nas experiências de consumo das pessoas, que exigem cada vez mais serviços e produtos sustentáveis, realinhou modos de produção e modificou as estratégias comerciais, competitivas e de reputação das empresas.



Ao virar o foco para a gestão pública, verificamos que esse movimento guarda profunda convergência com os princípios norteadores das cidades inteligentes. Como preconiza a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, a maior conectividade e o uso das tecnologias devem favorecer a construção de espaços urbanos com serviços públicos mais eficientes, inclusivos e sustentáveis do ponto de vista ambiental.  

A ABDI tem como principal missão contribuir para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país. Para tanto, é grande a atenção da nossa equipe a esse horizonte. Seja nas cidades, no campo, no comércio, nos serviços ou na indústria – setores onde atuamos -, estimulamos a transformação digital como meio para a maior eficiência dos negócios em um contexto de maior bem-estar social. E, na execução dos nossos projetos, entendemos cada vez mais que a adoção de tecnologias constrói a ponte para a sustentabilidade. 

Paralelo aos nossos projetos de Cidades Inteligentes, trabalhamos, desde o ano passado, com a ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) na elaboração de novos modelos de negócios com base nos princípios da Economia Circular. A ideia é mapear e buscar sistemas para aperfeiçoar as práticas em logística reversa de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), e incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias de coleta e processamento de resíduos.

De acordo com a Ellen MacArthur Foundation (2020), mudanças climáticas e questões ambientais, sociais e de governança (ESG) se tornaram os principais tópicos para empresas de serviços financeiros, seus clientes e reguladores. Ainda segundo a entidade, desde o início de 2020, os ativos administrados por meio de fundos de ações públicos, tendo a economia circular como foco de investimento único ou parcial, aumentaram seis vezes, de US$ 0,3 bilhão para mais de US$ 2 bilhões. Esses fundos, em média, tiveram desempenho 5% melhor do que seus benchmarks no primeiro semestre.

Estudo realizado pela consultoria Accenture em 2021 mostra o Brasil como o quarto maior produtor de lixo plástico, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Estima-se que a taxa de reciclagem não chega a 25%. Numa estimativa do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), o valor potencial que deixa de voltar para a economia sem a reciclagem é de cerca de R$ 5,7 bilhões por ano.

Com a comparação com materiais que possuem taxas de reciclagem mais altas, como o alumínio, papel e aço, que chegaram a 98%, 67% e 47% respectivamente (Brasil, 2019), vislumbra-se que há grande potencial e espaço para iniciativas de reuso de plásticos.

Os dados indicam, portanto, que a transição para a economia circular mostra grande potencial para a emergência de negócios inovadores, que vão trazer ganhos relevantes de competitividade para a indústria e, ao mesmo tempo, oportunidades de o Brasil se posicionar globalmente, ampliando sua base de negócios no exterior.

Portanto, o que verificamos é a sustentabilidade afirmando-se como um novo padrão de produção e de investimento. Para as cidades inteligentes, essa é a agenda a ser perseguida. Acreditamos que o crescimento econômico será́ pautado pela capacidade de as lideranças corporativas e públicas direcionarem mudanças orientadas a esse novo modelo sustentado pelo tripé do meio ambiente, social e da governança. E, nós, da ABDI estamos seguros de nossas potencialidades para contribuir na construção dessa rota.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

Artigos relacionados
- Advertisment -spot_img
- Advertisment -spot_img
- Advertisment -spot_img

Mais vistos