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O PAPEL E O POTENCIAL DAS CIDADES NA REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2

Rodrigo Tortoriello
Rodrigo Tortoriello
Especialista em Mobilidade Urbana e Mobilidade Ativa, pós-graduado com MBA em engenharia de transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e com formação em gestão pública pelo CLP em São Paulo, com módulo internacional na Kennedy School da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Atualmente ocupa o cargo de Vice-Presidente de Relações institucionais da SEMOVE. Atuou também como consultor em Mobilidade Urbana através da RT2 Consultoria, empresa que fundou em 2005. Ocupou o cargo de Secretário Extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre entre 2019 e 2020 e foi presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana da ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos por dois mandatos, entre 2018 e 2021. De 2013 a abril de 2019 atuou como secretário de Transporte e Trânsito de Juiz de Fora (MG), antes de assumir o seu primeiro cargo público fez parte da equipe da Sinergia Estudos e Projetos no Rio de Janeiro nos anos de 2002 a 2012.

A grande maioria dos veículos utilizados para os deslocamentos nos centros urbanos é movido a combustíveis fósseis, que são emissores de gases do efeito estufa, principalmente o CO2, grandes responsáveis pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas que estamos presenciando

Estimativas da ONU apontam que 50% da população mundial vive em cidades e espera-se que esse número chegue a 75% por volta de 2050. A facilidade de acesso aos serviços de saúde, educação e trabalho nos centros urbanos, quando comparada com a vida no campo, tem sido um fator que seduz cada vez mais pessoas a fazerem esse movimento. Se a projeção global feita pela ONU é atingir os 75% em área urbana somente em 2050, no Brasil o IBGE aponta que a mesma realidade já está instituída para 85% da população.

Entretanto, essa melhoria de qualidade no acesso a bens e oportunidades que a cidade oferece representa um custo para a sociedade. A forma de organização, ocupação dos espaços e distribuição das atividades nas áreas urbanas exige deslocamentos de pessoas e mercadorias, e quanto maior a cidade maior a complexidade dos seus sistemas de transporte. Assim, fica fácil de entender que os transportes possuem um papel fundamental na viabilidade do modelo de cidades que vivemos.



A grande maioria dos veículos utilizados para os deslocamentos nos centros urbanos é movido a combustíveis fósseis, que são emissores de gases do efeito estufa, principalmente o CO2, grandes responsáveis pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas que estamos presenciando. Segundo a ONU Habitat, as cidades ocupam menos de 2% da superfície terrestre, mas são responsáveis por mais de 60% das emissões de gases do efeito estufa. Ou seja, é nas cidades que se encontra uma das maiores oportunidades de se reduzir a emissão de CO2.

Redesenhar as cidades e pensar em novas centralidades poderá reduzir a necessidade de deslocamentos motorizados, o conceito de cidades compactas permite que a maioria dos deslocamentos diários possa ser realizado a pé ou por bicicleta. Para isso, é importante pensar na requalificação e ampliação dos espaços de calçadas e no aumento da segurança dos pedestres. A implantação de uma infraestrutura dedicada aos ciclistas incentiva o uso da bicicleta como modo habitual de transporte e auxilia na redução do uso do automóvel.

Para os deslocamentos mais longos e motorizados, é fundamental dar prioridade ao transporte coletivo e não ao individual. A implantação de faixas exclusivas e corredores de ônibus permite um aumento da eficiência ao transporte coletivo, reduzindo os custos operacionais e tornando-o mais atrativo através da redução dos tempos de viagem. Essas são políticas públicas que podem dar início a um processo de redução da emissão de poluentes, mas só isso não será suficiente.

Outro aspecto relevante nesse processo é a conectividade. A crise da Covid-19 proporcionou um aumento do processo de digitalização das atividades, bem como a velocidade e a quantidade de dados em circulação. A tecnologia pode ser uma grande aliada no fomento ao uso do transporte coletivo melhorando a informação em tempo real e a roteirização. Ampliando os meios de pagamento e a integração com outros modos permitindo que as pessoas tenham mais confiança na utilização dos sistemas de transporte público.

Preservação e sustentabilidade

Por fim, os gestores públicos precisam estar atentos a todos esses movimentos e incentivar a adoção da eletromobilidade. Entretanto, não se pode cair na armadilha de manutenção das políticas de planejamento com prioridade para o transporte individual e terminarmos em um congestionamento verde, ou seja, um mar de carros elétricos desperdiçando energia nas ruas e avenidas de nossas cidades. Priorizar a adoção de veículos movidos a eletricidade nos serviços de transporte público e de carga é mais uma alternativa, que somada ao planejamento de uma cidade para pessoas, poderá impulsionar um modelo de ocupação do espaço urbano que se faz necessário para a preservação do planeta e da espécie humana.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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